10 aspetos interessantes do românico andorrano
Talvez esteja a pensar: «O que é que o românico de Andorra tem de tão especial? As típicas paredes de pedra, arcos redondos, portadas austeras, as típicas torres das igrejas...?» Nada disso! Queremos partilhar consigo aquelas histórias, peripécias e curiosidades que transformam um simples passeio pelo românico de Andorra numa experiência realmente fascinante. Se, durante o passeio, sentir uma súbita curiosidade insaciável, não se admire!
O que teria levado o padre de Nagol a contrair uma dívida de «V sólidos barceloneses» em 1339? E a quem? São perguntas, por enquanto, sem resposta, mas não temos dúvidas de que as paredes da igreja de Sant Serni de Nagol têm muitas outras histórias para contar.
Sabia que foi encontrado um crucifixo enterrado na nave da igreja de Sant Joan de Caselles? Foi descoberto na década de 1960 e constatou-se que, antigamente, estava pendurado numa das paredes laterais da nave, a jogo com uns frescos do século XII, tal como hoje em dia se pode ver. É um exemplo único de património românico que combina pintura e escultura.
O périplo dos frescos da igreja de Santa Coloma é bem conhecido por uma boa parte da Europa durante um dos episódios mais convulsos da história da humanidade, mas sabia que o interior da igreja conserva frescos originais do século XII que não foram vendidos com o resto do conjunto porque estavam escondidos atrás do retábulo?
A torre da igreja de Sant Miquel preside majestosamente o vale que acolhe Andorra-a-Velha e Escaldes-Engordany, mas sabia que, em 1898, os pastores da região guardavam os rebanhos no interior deste templo?
Sabia que, durante muitos anos, as igrejas de Andorra eram os únicos edifícios comunitários de caráter social e que, além de serem utilizadas para o culto religioso, também serviam para tratar de outros assuntos relacionados com a comunidade, tais como impostos, pastagens, etc.? O facto de os bancos das igrejas serem reversíveis é um bom testemunho daquela realidade.
No exterior desta pequena igreja da localidade de Pal poderá ver uma antiquíssima grade de ferro batido. De acordo com a tradição oral, este tipo de grades era utilizado antigamente para tapar os enterramentos recentes e evitar que os animais os escavassem, atraídos pela terra fresca.
Em 1785, o bispo Garcia de Montenegro ordenou a censura parcial dos frescos que ornamentavam as paredes da igreja de Sant Romà de les Bons, considerando-os indecentes.
A talha românica da padroeira de Andorra foi consumida num incêndio que assolou o templo, numa tarde de setembro de 1972. Em lugar dela, pode agora ver-se uma cópia fidedigna, realizada graças à tecnologia 3D.
As igrejas são edifícios orgânicos que evoluem ao longo dos anos, tal como a sociedade. A igreja de Sant Esteve de Andorra-a-Velha é uma amostra viva disso. A sua abside em semicírculo revela-nos a sua origem românica, mas o aspeto atual deve-se às grandes obras de reforma levadas a cabo por Puig i Cadafalch em 1940.
Em Andorra, as formas construtivas variam pouco entre o período românico e inícios do século XX. Por isso, não é de estranhar que algumas igrejas mais recentes passem por românicas, tal como acontece com a de Santa Creu de Canillo. O mito do românico incide, sobretudo, nas pontes de Andorra, pontes essas que, quando muito, foram construídas no final da Idade Média. É o caso da emblemática ponte da Margineda.